FORMATURA- ARRECADAÇÃO E FESTA

Formatura!  Que alegria Brasil! O momento esperado por anos e anos! Vamos falar um pouco sobre esse evento tão aguardado.

A ARRECADAÇÃO –  A comissão de formatura entrega praticamente metade de todos os seres vivos grudados naqueles chaveirinhos pra venderem por “5 CONTO” . É gorila, macaco, florzinha, urso, tudo quanto é bicho ou flor imaginável. Fora aquelas canetinhas marca texto e bloquinhos que você consegue usar só uma vez na vida e não se sabe como somem do mapa.
 SESSÃO DE FOTOS  – Os estúdios marcam a sessão de fotos nos horários mais flexíveis; 7 da manhã, 6…de um sábado! Você chega lá e percebe que todo aquele glamour  dos álbuns de formatura dos seus amigos não passavam de  Photoshop “na alta”. É um galpão gigante, parecido com aqueles desmanches de carros, branco, cheio de espelhos, umas cadeiras ali pro make up e um banheiro. A hora de tirar a foto da turma é a mais empolgante. Aquela arquibancada muito bem feita, sem reparo desde a inauguração do estúdio, no final da ditadura. Por cima aquele pano branco pra facilitar a escorregada da morte. Pra fechar com chave de ouro o fotógrafo do estúdio  bota aquelas listas telefônicas pra todo mundo ficar mesma altura na foto. É…pessoal paga barato pra formatura. O valor investido é muito bem gasto mesmo.


A FESTA – INÍCIO
– Os homens chegam lá, bonitões, terno comprado em 18 vezes, bem arrumado, sapato lustrado, tudo “nos trinks”. As mulheres chegam no salto, magníficas. Pó de arroz até no pé. Acordaram as 7 da manhã, passaram no salão, aquela lipoaspiração light, unha, bigode, barba, depilação, cabelo tipo turbante, maquiagem, vestido. Aaah, o vestido de festa! Aquele bolo de casamento de 2 números menor.  Nem a mãe da menina encosta no vestido. No dia da festa a mulher não come, não respira, não toma água ou come. Agora, pensem aqui comigo. Se depois de tudo isso aí uma mulher não conseguir ficar bonita ou pelo menos pegável, o único jeito é ir pro“Extreme Makeover”, rezar pra ganhar uma consulta “de grátis” do Dr.Hollywood ou então ir atrás de algum  médium pra conseguir falar com Chico Chavier e pedir pra desencarnar mais cedo e voltar em outro corpo, por que não tem condição. E olha que eu já vi muitas quem nem assim se salvaram hein?

Cumprimenta daqui, faz um social dali, e começa a banda. Aparecem 2 cantores, normalmente carecas ou algum clone do Sidney Magal e começam a cantar “New York, New York” ou alguma baladinha dos tempos do TITANIC. Um tempinho depois  servem aqueles salgadinhos com nomes mais esquisitos que o meu.  O garçom chega até você com aquela bandeijinha de prata e diz: “ Aceita, senhor?Maravilha de Frango!”. Ah tá! Coxinha disfarçada, fritada umas 4 vezes pra manter a textura. Fico imaginando a pessoa que faz esses salgadinhos, tentando transformar um treco frito com recheio em algo chique: “Humm, deixa eu ver… Fritei 3 kg de carne dentro da gordura de antes de ontem. Como que eu vou transformar isso num troço chique? Já sei. Vou chamar de Espetinho Imperial.”. Bacana hein? Isso sem contar naqueles outros salgadinhos que você come por curiosidade porque não entendeu o que o garçom falou, mas a fome é tanta que você  manda pra dentro. Cinco segundos depois você percebe que comeu esterco, cospe no guardanapo, enrola e fica esperando alguém virar o olho pra poder jogar o papel na mesa.

 MEIO- É o ápice.  Você começa a dançar como se estivesse na “dança dos famosos” do Faustão e a sessão “honestidade” começa. Abraço no amigo, gravata na cabeça, “paletó pra que te quero”, camisa desabotoada estilo Reginaldo Rossi, chora, beija a testa, é uma comoção nacional. Chinelinhos personalizados da turma surgem do nada e no final  vão pro mesmo lugar das “chuquinhas” de cabelo. A maquiagem das  muheres nessa hora já borrou toda, o turbante do cabelo já caiu uns 10 metros, mas a animação é contagiante. Sem mais nem menos você se pega tirando foto com alguém que sequer conhece, fumando um charuto. E continua a loucura Brasil! Vai lá, sobe no ombro do colega da sala, fazendo coreografia  da inédita música “Sou Praeiro” do Jammil.  Aparece aquele colega ou aquela menina da sua sala que você jamais trocou uma idéia, palavra, cumprimento, grunhido ou qualquer demonstração de respeito e humanidade, chega até o ser, começa a dançar twist and shout abraça e fala: “ Você é demais, conseguimos Poooooo! Seremos amigos para sempre!”. Ah tá. 2 dias  depois se encontram em um super mercado qualquer ou boate, fingem que nem se conhecem ou dão aquele tchauzinho sem graça. E assim você tenta sobreviver até o final do evento, quando, sem mais nem menos, o mundo se apaga.

FIM – Você acorda e pergunta: “Como eu vim parar aqui?”

Até a próxima!